Saturday, March 27, 2021

Comida de conforto, my ass.

Não sou fã da expressão "Comida de Conforto", tão em voga nos dias que correm, quando esta é associada à Cozinha Tradicional Portuguesa. Explico.

Em primeiro lugar é uma expressão traduzida à letra do anglo-saxónico "Confort Food",uma adaptação recente, expressão que  os Americanos e  Ingleses (e sobretudo os Americanos) usam para definir comida que não seja nem Fine dining nem Fast Food, os antípodas da comida que nos supostamente nos deixará satisfeitos, "confortáveis".

Não me julguem mal, eu acho que a Comida Tradicional Portuguesa deixa qualquer um imensamente satisfeito e entendo que os anglo-saxónicos a queiram encaixar na gaveta do que para eles  è "Confort Food" , não entendo é a necessidade Portuguesa de o traduzir à letra e de lhe passar a chamar "Comida de Conforto", é só mais uma adaptação saloia, no pior sentido.

Meus caros, a comida tradicional Portuguesa não deve ser engavetada em "Comida de Conforto", é comida da boa, de matéria prima variadíssima, cujo receituário pode ser "light", "fast", "fine" ou de tantos outros adjetivos que se lhe queiram atracar. É Comida Tradicional Portuguesa, ponto final parágrafo, mandem lá os "beefs" traduzir isso.

Comida de conforto? Não, espantem-se, Comida Tradicional Portuguesa.

 

Friday, March 19, 2021

Bela Cicatriz

 Desde que comecei a imaginar fazer música (ali entre os 13/14 anos) não entendo bem o que verdadeiramente me move a tal. Em retrospectiva (sempre mais fácil de interpretar) diria que na adolescência/juventude existia muito provavelmente a procura de "fama e glória" no sentido de simular o que os nossos ídolos faziam e do "glamour" que lhes associávamos. Acho que isto é transversal a quase todos os putos que tocam mas com o passar dos anos isto inverte (pelo menos no meu caso). A procura por exposição refreia, a necessidade de privacidade aumenta, lida-se muito bem com um semi-anonimato, usa-se e abusa-se dos pseudónimos, descansam-se as guitarras durante meses...mas nunca se deixa de fazer música verdadeiramente. É algo que está cá e estará, mesmo que o início seja bem mais prolífico do que a actualidade. Por isso tem de haver algo para lá dessa procura inicial redundante e borbulhenta. 

E assim chego à Bela Cicatriz.



Wednesday, March 17, 2021

Back to the start.

E eis senão que , após alguns anos de maior ou menor frequência pelas ditas "redes sociais", chego à conclusão que a forma mais "adequada" de me exprimir públicamente que encontro é mesmo no formato de canção, e não necessariamente letrada.

Ao mesmo tempo que me debatia silenciosamente com o tipo de presença "online" que queria ter, descobri por um feliz acaso as passwords do "Pataniscas e Rock n Roll" , blog que fundei num longínquo 2007 e que me acompanhou durante cerca de dois anos e meio...De repente it hit me: "Eh pá, porque não reavivar isto?!"  

Para resumir, um blog é simplesmente uma forma menos intrusiva de me relacionar com os outros online, não há feeds com informação a mais, não desejados, imbuídos no meio do restante "ruído-ciber-social".

Não me perguntem porquê mas sempre tive um bocado a mania de ir contra a corrente. Seja na música, na restauração, seja nas variadas decisões diárias da so called LIFE. Enquanto vejo muita gente a migrar para o Tick Tock (?), percebo que não consigo ter alguma coisa a ver com aquilo, muito por inaptidão, falta de tempo ou timidez (na falta de outra palavra) que me faz evitar cada vez mais a exposição física no formato de videos ou fotos espalhados pela internet fora. Esta timidez pública acentuou-se nos últimos anos (PDI?) e afetou também o LOBO, a minha banda de canções de sempre e que lentamente me levou  a escolher, no estúdio de gravação, o lado de "cá" do vidro, optando por produzir e misturar outros artistas ao invés de subir a palcos para tocar e cantar para outros, excepção feita em 2015 com o lançamento do "Reverberação" e em 2017, com o lançamento do single "48K", ambos pelo LOBO e que acabaram por trazer exposição radiofónica e concertos prazerosos mas... repletos de ansiedade.

Ao mesmo tempo faço uma reflexão e percebo que gosto imenso de "pensar" sobre música, comida e de tudo o que gira à volta destes dois fabulosos e abrangentes temas, e é muito como decerto sabem.

Nos "entretantos" o mundo mudou quase assustadoramente mas a magia ainda cá está, como quando ouvi pela primeira vez o "1967-1970" dos Beatles no gira-discos lá de casa ou nas memórias olfactivas e gustativas dos pratos tradicionais que saboreava aos domingos em casa dos meus pais. 

Por achar que posso contribuir com uma particular perspectiva sobre estes dois apaixonantes assuntos decidi regressar ao "Pataniscas" e aos posts terrivelmente irregulares sobre música , na que estive envolvido e na de outros , à data que escrevo este texto 30% da minha actividade profissional, e sobre a tríade restauração/comida/vinho , neste momento 70% da minha actual actividade profissional.

Farei também alguns flashbacks aos últimos anos. Concertos, gravações, produções para outros artistas, restaurantes visitados, refeições inesquecíveis, vinhos de memória...you get the picture.

Ora então até já, num próximo post, de guitarra em punho...ou com os pés debaixo da mesa.